segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Tudo acabou!


Em soluços, adormeci!
Entrei em um lugar que me era comum, mas naquele dia tinha uma “luz” diferente. Não sei explicar, mas era um ambiente melhor, acolhedor, mais sereno.

Me deixei desfrutar daquele momento. Fui avançando no caminho e, de repente, todos aqueles que mais amo foram surgindo a minha frente. Estavam todos alegres; não entendi porque tanta felicidade. Não me vinha a mente nenhuma razão para comemorar, não daquela forma, nenhuma data festiva.

Tinha gente que há anos não via, mas que sabia, significavam muito para mim.
As crianças estavam mais saltitantes que nunca, passavam a mão no meu cabelo, me chamavam sem parar, queriam colo, abraços, beijos – não sabia quem atendia primeiro. Mas, interessante, desta vez elas não se queixavam de nada.

Num ambiente tão agradável, não pude me conter, ao cumprimentar meus ente amados não resistia ao abraço; como me satisfaz o calor desse gesto.

E entre risos, falatórios, beijos, abraços, ouvi o motivo de tanta alegria: ...“acabou, acabou tudo”. Mas acabou o quê? Perguntei-me. Em seguida, senti alguém segurar a minha mão. Era tão aconchegante, de um calor tão gostoso, suave, envolvente. Logo me senti invadir por uma proteção tão grande, um sentimento de amor indescritível ... 

Me virei para ver quem era, me surpreendi. Senti uma emoção que jamais será possível explicar, me arrepiei, meus olhos marejaram ... encontrei quem eu mais amava, o alguém por quem havia esperado a vida inteira.

Foi Ele quem me explicou: “filha, acabou tudo. Acabou”. Seu olhar era tão cheio de paz, de amor, de doçura. Em meio a tanta felicidade, e diante de um sentimento tão bom, pude entender. Tudo tinha acabado ... toda dor, todo o sofrimento, toda a fome, todo o ódio, toda a doença, todo o egoísmo, toda a intolerância, todo o maldizer ... tudo o malviver.

Agora restava apenas, e tão somente necessário, o amor. Por isso, todas as pessoas eram tão felizes, as crianças tão incansáveis na sua alegria; e todo o mundo era um mundo novo.

Despertei... e a lembrança de Deus segurando a minha mão e dizendo: “filha, acabou tudo” ainda era latente como uma pura realidade. Chorei. Desta vez, as lágrimas não eram de tristeza, mas de alegria, de uma certeza de que isso não era só um sonho, que o mundo pode se tornar novo através dos laços de amor.

O mundo pode ser um mundo sem dor, sem fome e sem sofrimento. Basta que, simplesmente, vivamos a vida por amor, encontremos sabedoria nas nossas atitudes e lutemos por ser agentes transformadores de todos esses problemas.

Assim, um dia Deus vai segurar a nossa mão, sorrindo, e dizer: “Filhos, tudo acabou!”



Crônica de Eliane