Falar em amor é instigador. Quantos já quiseram medir, quantificar ou explicar a ocorrência dele ao longo da história. Para Madre Teresa de Calcutá, há realizações na vida que só esse sentimento extraordinário pode explicar: “O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho a um leproso”.
Mas ninguém aprende a ter um comportamento desprendido e amoroso da noite para o dia. É preciso exercício diário, doses extras de paciência, persistência, empatia e esperança. Mais bonito ainda é perceber que, segundo Platão, não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o amor toma conta dele.
E que no fundo de cada alma há tesouros escondidos que somente ele permite descobrir. O amor é a poesia dos sentidos. Ou é sublime, ou não existe. Para o notável escritor do romantismo francês, Honoré de Balzac, a tendência do amor é crescer a cada dia. “Quanto mais criticamos menos tempo sobra para amar”, essa a proporção apontada por ele. “Se definha, não é amor”, na opinião de William Shakespeare. Poeta dos sonhos, ele fala com propriedade sobre sentimentos, frustrações, sonhos e amores impossíveis.
Como saber se estou fazendo a coisa certa? Em um dos seus poemas famosos – O tamanho das pessoas -, ele escreve que alguém pode ser enorme quando é agradável, fala do que leu e viveu, trata você com carinho e respeito, olha nos olhos e sorri. É gigante quando procura alternativas para o seu crescimento e sonha junto contigo. Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Mas pode ser pequena se só pensa em si mesma, comporta-se de uma maneira pouco gentil e fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: amizade, carinho, respeito, zelo e no próprio amor.
Quantas vezes a voz do coração é deixada de lado em nome dos comportamentos da moda. “Bateu, levou; não levo desaforo para casa; disse apenas a verdade (tem certeza?)”.Num único relacionamento há grandezas ou miudezas. É difícil conviver com a elasticidade das pessoas que se agigantam e se encolhem diante dos olhos. O julgamento não pode ser feito a partir de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Estender a mão a alguém num momento de necessidade torna você único. Recolhê-la inesperadamente o torna mais um. O egoísmo unifica os insignificantes. Compreenda, não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande... é a sua sensibilidade sem tamanho.
Qual o tamanho do seu amor? Tem oferecido ele a você mesmo ou aos que estão a sua volta? Não adianta se acomodar no sofá mais confortável de casa e empurrar as propostas de uma vida melhor para amanhã. Colocar a culpa das suas infelicidades no governo, nos filhos, no marido (ou esposa), nas mãos do destino, na falta de tempo, no pouco dinheiro, na falta de estudo, no estresse ou na queda das ações na bolsa de valores (nem sou investidor!).
Como diz o meu velho e bom Carlos Drummond de Andrade, amar se aprende amando. “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional”.
Rose Domingues - Jornalista
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