sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Saudade que dói

Há um grito ardente, reprimido, pedindo para ser expressado. Mas me controlo.
Contudo, acho que algumas coisas devem transpor os limites do nosso pensamento, como uma possibilidade de libertação, refiro-me a sentimento!

Ultimamente tenho brigado comigo mesma. Uma briga interna sobre o que sinto e não sinto. Quero não sentir, mas sinto; por quê? Refiro-me à saudade.

Há coisas que não têm explicação. Saudade é um mal que mata aos poucos. Mas dizem que alguns males são bons e necessários; no caso da saudade, apenas quando sabemos que vamos matá-la ao invés de morrer.

A saudade traduz um vazio, um vazio de morte. Um buraco interior que é impossível preencher. A saudade rouba a nossa alegria. É triste, é solitária. É má por si só, porque revive lembranças e as lembranças fazem a ferida sangrar, a dor doer mais.

É uma falta... grande. Falta do que amamos, do que perdemos. Saudade, perda, dor, sofrimento e Amor andam ali, lado a lado. A saudade chega porque se perdeu alguém, a perda gera a dor, a dor o sofrimento e tudo isso apenas acontece porque existe o amor, pois sem ele a saudade não perdura; por vezes, ela nem chega a nascer.

Saudade traduz a ausência dos melhores momentos. Momentos de uma intimidade indescritível. Como esquecê-los é um grande problema!

Embora o tempo passe... (e na minha cabeça isso é uma grande confusão, porque os momentos ruins demoram parece anos para passar enquanto os bons ... voam!) como me desfazer das gargalhadas, cabeçadas, cochilos, do som da voz, do olhar, da mão no meu cabelo, das ligações, dos boa noites e dos bom dias, do abraço, dos beliscões, das conversas, da forma como me apoio nas costas para descer “certa” rampa, dos pedidos de uns docinhos, dos e-mails pra dizer da bendita saudade (nesse caso bendita só porque sabe-se que vai matá-la), da surpresa em uma quinta após faculdade, do aperto para me ver perder o ar – sem reclamar -, dos amassos, dos agarros, das sentadas no colo; enfim, não dá pra esquecer! Hoje está osso parar de pensar em tudo isso.

Por isso, a saudade não é boa. O coração doe, o corpo sofre e a garganta arde com vontade de dizer: que saudade! Todo tempo do mundo seria pouco para matar essa saudade que sinto e, às vezes, tenho a impressão que a eternidade vai ser pouca para esquecer o amor que alimenta essa saudade.

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