domingo, 31 de agosto de 2008

Renovação

"Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo." Mc. 1-8 "E, logo que saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito de Deus, que como pomba descia sobre ele." Mc. 1-10

Ainda não consigo descrever quão sublime é a sensação de renascer pelas águas do Batismo em nome de Cristo Jesus. Este dia com certeza é um dos mais gloriosos da minha vida e ficará cravado no meu coração para o resto da minha eternidade. Hoje, foi o marco de que uma Eliane morreu e outra renasceu para viver uma vida de glória e amor em nome de Deus. Na companhia Dele, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença até que, finalmente, eu possa estar na sua presença para dizer o quão grata sou por ser tão amada e agraciada por sua permanência na minha vida.

Hoje, fui banhada com o Espírito Santo de Deus. Ainda é latente no meu coração os momentos indescritíveis da felicidade e da plenitude divina que senti. A única maneira que tenho para agradecer ao Pai por tão doce lembrança é servi-lo sendo útil e boa ao meu próximo, e que assim seja para todo o sempre.

sábado, 23 de agosto de 2008

O medo da perda

No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor. I João 4.18

Me questionei muito sobre essa passagem bíblica nos últimos dias. Me questionei porque as duas últimas semanas, com um breve intervalo de três dias, foram de temor para mim. Me deparei em uma recepção de hospital sozinha, em uma madrugada vazia, enquanto em algum departamento desse lugar pavoroso meu pai lutava para fugir da morte.

Entrei, pela primeira vez, em uma Unidade de Terapia Intensiva, coisa que só tinha visto em filme. Fiquei chocada e, mais abalada ainda, quando percebi que quase não consegui conversar com um dos homens que mais amo na vida. Ele quase não me reconhecia. Não sei explicar o que senti. Como nesses momentos a mente humana não trabalha bem, somente esperava o pior.

Comecei a pensar nas várias coisas que fizemos juntos. Lembrei dos vários sorvetes que tomamos, das andadas de bicicleta, das vezes que ele bateu corda para eu e meus irmãos pular, das vezes que me levou para escola, das vezes que brigou comigo. Lembrei de tudo, de tudo que me deu e de tudo que me negou.

E hoje, só penso em como não gostaria de perdê-lo, embora já não tenhamos uma rotina diária juntos. Gostaria de ter a certeza que vou proporcionar a ele e meus futuros filhos a feliz convivência entre avô e netos, da qual infelizmente fui privada.

Gostaria de ter a certeza de que vamos passar mais Natais juntos, de que ainda teremos vários almoços dos Dias dos Pais, de que vamos caminhar em um dia ensolarado, em um parque bonito, juntos pela primeira vez, de que vamos assistir mais jogos do Brasil, e de que ele vai entrar comigo na Igreja no dia do meu casamento.

Tenho medo... muito medo de que nada disso aconteça. Se hoje eu pudesse abrir a cabeça dele e colocar alguma coisa dentro, com certeza, colocaria a convicção de que ele tem que se cuidar, de que a vida é a coisa mais preciosa que temos e colocaria o desejo de vivenciar comigo todas as coisas que quero vivenciar com ele; não que eu duvide que ele também queira, mas colocaria a vontade de lutar por isso.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sobre o mundo

Nesta noite, olhei o céu, a lua. Ah, há muito tempo não fazia isso. Eu tenho uma habilidade muito grande para criticar as “despercepções” em relação à natureza e, no tumulto do dia-a-dia, estou me tornando despercebida para as coisas que tanto amo: o pôr-do-sol, o céu estrelado, o amanhecer, o canto dos pássaros, as poucas árvores frondosas da cidade, os desenhos cor-de-rosa e alaranjados no céu em um entardecer, que são tão difíceis de ver. Todos sinais divinos da obra do nosso Senhor Bom Deus. E tudo para quê?

Para tentar descobrir a segredo de como enriquecer outras pessoas nesse mundo egoisticamente capitalista em que vivemos. Para andar com pressa, sem notar a vida, sem mastigar o almoço direito, “atropelando” as pessoas nas ruas, atrás de uma exclusividade. Sim! esse é o meu trabalho.

Mas o que eu ganho com isso, além do curto salário que me deixa sempre no vermelho no fim do mês? Ganho sempre um quero mais. Quero mais soluções, quero mais idéias, quero mais retorno, quero mais inovações, quero mais textos, quero mais acessos, quero mais, quero mais, quero mais....

E sabe o que eu perco? Perco a minha vida, perco as coisas mencionadas acima, que tanto amo, perco a minha sensibilidade – porque começo a deixar de relevar pequenas coisas e a querer protestar e isso gera desentendimentos, e eu odeio isso! Estou começando a pensar que, simplesmente, a força de vontade e a ida à luta são pouco para vencer.

Em certos momentos, até acredito que possa dar certo, pois se está em um barco com cúmplices que têm o mesmo objetivo. Só que, sem mais nem menos, um, ou até mais, desses cúmplices começam a remar com menos força, e o barco vai deixando de navegar. E mesmo que eu acredite que talvez consiga alcançar o destino com algumas pessoas a menos, os meus braços, mais cedo ou mais tarde, cansam e o barco pára.... e afunda.

Olhando a lua cheia da última noite – linda - e o céu estrelado – instigante, com aqueles pontinhos brilhantes, pensei: como o ser humano perde maravilhas. Às vezes, por causa de um egoísmo “contagiante”, por vaidade. E muitas vezes, por sofrer a pressão da “sobrevivência financeira” fecham os olhos para as coisas nobres da vida (isso é relativo, cada um tem uma visão própria sobre preciosidades da vida), até de forma inconsciente, porque muitas pessoas não se dão conta das maravilhas divinas que os cercam, e acham que tudo isso não passa de uma idiotice romântica de mulher ou de quem não tem nada mais interessante para fazer. É uma pena.

Mas refletindo sobre o que ouvi, recentemente, em relação à riqueza, à pobreza e ao capitalismo, propriamente dito, “a riqueza só é possível em cima da miséria de outras pessoas”, conclui que vou continuar perdendo momentos que eu amo da vida. Porque preciso sobreviver, todos nós precisamos de um recurso financeiro para isso. E para que o consigamos, teremos que nos esforçar para enriquecer outras pessoas, enquanto existe um mundo de miséria aos nossos olhos.
Seja como for, a partir de hoje vou tentar perder o menos possível dessa vida que amo, e vou lutar a cada dia para não ser contaminada por essa ambição que domina a humanidade, de enriquecer a custa dos outros.E rogo ao Senhor, para que continue apenas sobrevivendo se for para não enriquecer a base da miséria de outras pessoas. Prefiro continuar pobre, mas rica em amor, e em benevolência ao meu próximo.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Corações distantes

Um dia, um mestre perguntou aos seus discípulos: “Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?”.

Os homens pensaram por alguns minutos e responderam: “Porque perderam a calma”, disse um deles. “Por isso gritam”.

E o mestre: “Mas por que gritar, quando a outra pessoa está ao lado? Não é possível falar-lhe em voz baixa? Por que gritar a uma pessoa que está ao lado quando se está aborrecido?”.

Os homens deram algumas outras respostas, mas nenhuma delas satisfez ao mestre.

Finalmente, ele explicou: “Quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. E, para cobrir essa distância, precisam gritar. Precisam gritar para poderem se escutar. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão de gritar para se escutarem através da grande distância que se formou entre elas. Vejam. O que ocorre quando duas pessoas se enamoram? Elas não gritam, falam suavemente entre si. Por que? Porque seus corações estão muito perto. A distância entre eles é pequena e, muitas vezes, nem falam, apenas sussurram e ficam mais perto ainda um do outro. E assim, nem necessitam, sequer, sussurrar; somente se olham e isto é tudo. Assim é, quando duas pessoas se amam. Estão sempre próximas em seus corações, ainda que distantes fisicamente. Quando não mais se amam, ainda que estejam perto uma da outra, seus corações estão distanciados. Logo, não deixem que seus corações se distanciem. Falem baixo. Não gritem, não digam palavras que os distanciem ainda mais. Chegará um momento em que a distância será tanta que vocês jamais encontrarão o caminho de volta”.

Autor desconhecido.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O que diz um olhar

“Um olhar vale mais que mil palavras!” Umas das várias maneiras que o ser humano encontrou para se comunicar é olhar. Apesar de muitas pessoas se utilizarem pouco desse meio. Não que eu o utilize com freqüência, mas, às vezes, o olhar contradiz as palavras, e se você já leu o livro “O corpo fala”, vai entender o que estou quis dizer. Se não, aprecie essa reflexão.

Um olhar revela fome – quando você anda na rua comendo algo e, de repente, sente que alguém te olha e, ao invés do “me dá um trocado”, surge um “tia me dá um pedaço”;

medo – em um doente em uma cama de hospital, em um acidentado, em alguém que é perseguido – revela medo da morte, de nunca mais ver quem se ama, medo de não realizar seus sonhos, medo...;

solidão – em um órfão perdido entre os escombros de uma guerra;

angústia – em uma mãe que tem um filho desaparecido e não cansa de procurá-lo;

tristeza – em enterros de ente-queridos, de amigos;

vazio – quando não se consegue um emprego e você se acha um lixo, quando se é apenas uma “paisagem” aos olhos da sociedade;

mentira – um mentiroso dificilmente consegue encarar e olhar nos olhos;

arrependimento – no exato momento que você percebe que fez algo que gerou dor;

raiva – quando tudo está contra você e, mesmo correto, você não pode dizer nada;

impaciência – quando uma mãe já esgotou todas as suas forças com as palavras e apenas olha; nesse caso, se eu fosse o filho, não insistiria;

desprezo – em pessoas sem humildade, em alguns casos, de um rico para um pobre, por exemplo;

indignação – quando se vê um mendigo em frente a um hotel de luxo implorando uma migalha de alimento, enquanto a elite pede para trocar o prato porque o corte da picanha não está “correto” ou a disposição dos alimentos está errada;

indiferença – quando alguém conhece uma pessoa, a vê e a ignora;

decepção – quando se dá tudo de si para o bem de algo e não é reconhecido;

pena – quando se quer que todos os sonhos de uma pessoa se realize, e da forma mais perfeita, mas sabe que os desejos dela são impossíveis de se realizarem;

alívio – quando tudo o que se imaginava que daria errado vai bem e, assim, surge até um “Graças a Deus”;

confiança – durante uma oração enquanto se sente o acolhimento de Deus, quando alguém segura firme a mão estendida e quando abraçada, se sente segura, amparada;

saudade – já disse Marisa Monte, em “A primeira pedra”, “Todo corpo que tem um deserto, tem um olho de água por perto”;

alegria – quando se vê quem ama feliz;

contentamento – quando se está com quem ama;

emoção – quando se vê pais olharem pela vidraça do berçário;

fascinação – quando se aprecia uma paisagem natural;

esperança – em um torcedor do time que está perdendo e observa o jogador com a bola no pé rumo ao gol. Se o time perde, o olhar vira de decepção;

desejo – entre esposos;

paixão – entre namorados;

E amor, que é o mais brilhante de todos. Com esse sentimento, os olhares se entrelaçam, são um convite para o carinho, para a compreensão, para o companheirismo, para o desabafo, para o afago. E com esse olhar, as palavras são pouco necessárias, nada necessárias na verdade.

Acredito que tudo que pensamos é dito pelo olhar. E a verdade é que pode até não corresponder ao que é expressado verbalmente, mas, na maioria das vezes, é o que realmente sentimos. Se tem dúvidas, comece a observar. No entanto, já adianto, que é muito difícil desvendar todos os olhares. Porém, alguns são possíveis.

Uma semana esplêndida!