segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sobre o mundo

Nesta noite, olhei o céu, a lua. Ah, há muito tempo não fazia isso. Eu tenho uma habilidade muito grande para criticar as “despercepções” em relação à natureza e, no tumulto do dia-a-dia, estou me tornando despercebida para as coisas que tanto amo: o pôr-do-sol, o céu estrelado, o amanhecer, o canto dos pássaros, as poucas árvores frondosas da cidade, os desenhos cor-de-rosa e alaranjados no céu em um entardecer, que são tão difíceis de ver. Todos sinais divinos da obra do nosso Senhor Bom Deus. E tudo para quê?

Para tentar descobrir a segredo de como enriquecer outras pessoas nesse mundo egoisticamente capitalista em que vivemos. Para andar com pressa, sem notar a vida, sem mastigar o almoço direito, “atropelando” as pessoas nas ruas, atrás de uma exclusividade. Sim! esse é o meu trabalho.

Mas o que eu ganho com isso, além do curto salário que me deixa sempre no vermelho no fim do mês? Ganho sempre um quero mais. Quero mais soluções, quero mais idéias, quero mais retorno, quero mais inovações, quero mais textos, quero mais acessos, quero mais, quero mais, quero mais....

E sabe o que eu perco? Perco a minha vida, perco as coisas mencionadas acima, que tanto amo, perco a minha sensibilidade – porque começo a deixar de relevar pequenas coisas e a querer protestar e isso gera desentendimentos, e eu odeio isso! Estou começando a pensar que, simplesmente, a força de vontade e a ida à luta são pouco para vencer.

Em certos momentos, até acredito que possa dar certo, pois se está em um barco com cúmplices que têm o mesmo objetivo. Só que, sem mais nem menos, um, ou até mais, desses cúmplices começam a remar com menos força, e o barco vai deixando de navegar. E mesmo que eu acredite que talvez consiga alcançar o destino com algumas pessoas a menos, os meus braços, mais cedo ou mais tarde, cansam e o barco pára.... e afunda.

Olhando a lua cheia da última noite – linda - e o céu estrelado – instigante, com aqueles pontinhos brilhantes, pensei: como o ser humano perde maravilhas. Às vezes, por causa de um egoísmo “contagiante”, por vaidade. E muitas vezes, por sofrer a pressão da “sobrevivência financeira” fecham os olhos para as coisas nobres da vida (isso é relativo, cada um tem uma visão própria sobre preciosidades da vida), até de forma inconsciente, porque muitas pessoas não se dão conta das maravilhas divinas que os cercam, e acham que tudo isso não passa de uma idiotice romântica de mulher ou de quem não tem nada mais interessante para fazer. É uma pena.

Mas refletindo sobre o que ouvi, recentemente, em relação à riqueza, à pobreza e ao capitalismo, propriamente dito, “a riqueza só é possível em cima da miséria de outras pessoas”, conclui que vou continuar perdendo momentos que eu amo da vida. Porque preciso sobreviver, todos nós precisamos de um recurso financeiro para isso. E para que o consigamos, teremos que nos esforçar para enriquecer outras pessoas, enquanto existe um mundo de miséria aos nossos olhos.
Seja como for, a partir de hoje vou tentar perder o menos possível dessa vida que amo, e vou lutar a cada dia para não ser contaminada por essa ambição que domina a humanidade, de enriquecer a custa dos outros.E rogo ao Senhor, para que continue apenas sobrevivendo se for para não enriquecer a base da miséria de outras pessoas. Prefiro continuar pobre, mas rica em amor, e em benevolência ao meu próximo.

Um comentário:

marco vasconcelos disse...

Oi Eliane, independente da nossa diferença de fé, acho que vc continua escrevendo muito bem, parabéns!

Marco Prodesp